sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A historia de arnaldo pt3


Essa rentabilidade anual fez Arnaldo refletir, pois o investimento em renda fixa trazia algo próximo a isso, às vezes mais. Os detratores do investimento em bolsa de valores, à época, valiam-se justamente dessa visão de que é bobagem investir em bolsa com juros tão altos. Os defensores diziam que, se escolhesse boas ações poderia obter ganhos superiores ao do Ibovespa e ao da renda fixa.

O que fez Arnaldo manter-se na bolsa foi o interesse crescente por economia e finanças, além do grande conhecimento que obteve ao estudar os dados da VALE nos últimos 5 anos. Além disso, pensava que nenhum país do mundo havia conseguido se desenvolver sem que suas empresas pudessem se capitalizar através do mercado de capitais. E continuou. Inseguro quanto à possibilidade de ganhar mais do que na renda fixa, mas seguro de estar fazendo a coisa certa.

2002 – Um ano de grandes sustos na bolsa , mas com desempenho excelente da VALE.
 O ano de 2002 trouxe grandes desafios às empresas brasileiras exportadoras. Arnaldo viu o lucro da VALE despencar pela primeira vez desde que começou a investir na empresa. Ao contrário das outras pessoas, ele não se importava tanto com as oscilações do papel, mas sim com os caminhos da companhia. Arnaldo entendeu que o impacto das mudanças econômicas, cambiais principalmente, no balanço, não deveriam se repetir nos anos seguintes, visão que o deixou menos apreensivo com a forte queda nos lucros.

O ano de 2002 trouxe uma inovação na empresa em que Arnaldo trabalhava. Mesmo se mantendo (feliz) na posição em que entrou, Arnaldo começou a receber um extra, na forma de bônus anual. Era um excepcional funcionário e seus chefes não queriam movê-lo para uma função de chefia. Poderia ser desastroso. Arnaldo agradeceu, pois não queria mesmo ficar mandando em seus colegas ou nos novatos. No primeiro ano, ao final de 2002, seu bônus foi equivalente a 6 salários. Pouco mais de R$ 12.000,00.

 Ficou muito tentado a colocar toda essa grana na bolsa, pois 2002 havia sido um ano esplêndido para VALE. Mas lembrou o que dizia seu avô: Bolsa é risco, não se comporte de forma arriscada, pois colherá risco ao quadrado!Manteve-se quieto, colocou o seu bônus junto daquele dinheiro que estava juntando para dar entrada no apartamento, pois o carro já trocara por um Monza 1996. Com ar-condicionado e direção hidráulica. Faltava apenas 1 ano para Alice completar sua faculdade de medicina.

O namoro estava firme e até a menina começou ao colocar uma graninha em ações, após muita insistência do namorado. Isso deixou o namoro um pouco mais interessante, pois Alice não se cansava de perguntar:
 - Arnaldo, por que você não vende na alta e compra na baixa? Vai ganhar muito mais! Arnaldo respondia:
 - Não faço porque não sei fazer, só sei reparar ar-condicionado. Nisso eu sou bom. Estou ganhando até um extra da empresa!

Resumindo até o ano de 2002 
· 84 aportes, totalizando R$ 29.466,59. Média de R$ 350,79.
· 1.168 ações VALE3, R$ 3.151,22 de dividendos reinvestidos em ações, totalizando um patrimônio de R$ 123.338,42.
· A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 38,11% ao ano.
· Os dividendos decepcionaram um pouco, mas Arnaldo entendia que não é possível manter o mesmo nível de dividendos com a enorme queda nos lucros, mesmo que por eventos não recorrentes.

O ano de 2002 trouxe uma grande alegria para Arnaldo, em outubro de 2002, pela primeira vez, ele atingiu R$ 100.000 de patrimônio em ações. Chegou mesmo a pensar em retirar uma parte e juntar com os outros R$ 30.000,00 que tinha juntado na renda fixa. Mas manteve-se firme às instruções de seu avô, pouco e sempre, até chegar a hora de colher. Arnaldo também tinha um desafio pessoal, que era elevar os dividendos ao mesmo patamar de seu salário. Sabia que demoraria bastante, mas não esmoreceria.

2003 – Grande retomada da bolsa. Desempenho operacional excelente da VALE, das ações um pouco menos, mas também muito bons. 
Ao final de 2003, Arnaldo já estava sentindo falta daquelas bonificações do começo de seu caminho como investidor de longo prazo. A VALE3 fechou o ano cotada a R$ 169,50. O aporte mensal só dava para comprar 2 míseras ações. Cedo ou tarde, pensava ele, a VALE vai ter que bonificar:
- Está muito caro comprar um lote de 100. Se continuar subindo a cotação, não vai dar nem para 1 ação!

 Pela primeira vez entendeu o motivo das bonificações e desdobramentos. O lucro da VALE mais do que dobrou em 2003. Os resultados, Arnaldo sentiu na cotação da ação e nos dividendos, que voltaram a crescer e retomaram o caminho que ele havia planejado, ficarem equivalentes ao salário anual de Arnaldo. Faltava muito, mas o caminho era esse.

Nesse ano a VALE pagou dividendos 3 vezes (na verdade são JSCP). Em abril pagou R$ 1,62/ação, em agosto pagou R$ 1,94/ação e em outubro pagou R$ 1,48/ação. O ano ainda trouxe um ótimo bônus para Arnaldo, mais de R$ 40.000,00, pois sua empresa ganhou 4 concorrências para servir aos maiores shoppings do Rio.

Resumindo até o ano de 2003
· 96 aportes, totalizando R$ 34.527,87. Média de R$ 359,67.
· 1.247 ações VALE3, R$ 6.320,72 de dividendos reinvestidos em ações, totalizando um patrimônio de R$ 217.687,22.
· A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 43,46% ao ano. · Os dividendos representaram R$ 530/mês, quase 25% de seu salário.

2004 – Mais um ano excepcional para a VALE e para a Bolsa. 
No início de 2004, Arnaldo continuava em sua função na empresa. O ano foi ótimo para eles todos também, que conseguiram dar a Arnaldo um bônus de 18 salários, quase R$ 45.000,00. Arnaldo, ao final de 2004, já tinha o suficiente em renda fixa para comprar um apartamento modesto na Zona Sul ou algo mais confortável na zona oeste ou zona norte do Rio de Janeiro.

Agora com 30 anos e com Alice formada e fazendo residência no Hospital Miguel Couto, não tardaram a começar aquelas conversas sobre compromisso mais sério. A situação estava relativamente confortável para os dois. O país parecia bem e Alice, aos 26 anos, estava progredindo na residência e fazendo excelentes contatos.

Nesse meio tempo, a VALE atendeu aos anseios de Arnaldo. Após atingir R$ 170,00 fez um desdobramento de 1 para 1 em 18/08/2004, fazendo com que as ações caíssem à metade no valor e com que dobrasse a quantidade de ações.

Resumindo até o ano de 2004 
· 108 aportes, totalizando R$ 40.586,36. Média de R$ 375,80.
· 3.967 ações VALE3 (por conta do desdobramento), R$ 7.728,16 de dividendos reinvestidos em ações, totalizando um patrimônio de R$ 307.236,65.
 · A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 41,80% ao ano.
· Os dividendos representaram R$ 644/mês, quase 26% de seu salário.

Na visão de Arnaldo, os resultados atingidos estão muitíssimo acima de suas expectativas.
Ligou para agradecer ao avô que lhe disse:
- Hoje não posso falar muito, pois estou com sua avó em Cancun. Ficaremos até a próxima semana, mas quero lhe dar os parabéns meu neto. Você viu seu patrimônio secar por 3 anos, mas seguiu a cartilha corretamente e hoje, além de conhecer muito bem a empresa em que investe, ainda segue rigorosamente a regra do bem estar financeiro. Juntar sempre, no tempo de semear. Agora, ao colher, faça-o sem histeria, sem extravagâncias e sem deslumbramento. Dinheiro não leva desaforo. O barco está chegando...

Continua...

Créditos: Paulo Coutinho

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